domingo, 5 de setembro de 2010

Neutralidade da Rede: O Muro de Berlim Invertido

Empresas norte-americanas tentam liquidar com a liberdade das pessoas de terem acesso à internet.

A queda do Muro de Berlim é considerado um marco na conquista dos direitos civis. A partir disso, faço uma análise com relação à discussão, que esquentou bastante no ínicio do mês passado, sobre o fim da neutralidade na rede. Vejo uma situação inversa a que aconteceu na Alemanha, entre 1961 e 1989, quando a queda do muro era algo esperado e desejado por todos. Hoje o muro é outro, é uma barreira que impede que grandes corporações dominem a internet, impossibilita que provedores imponham o que o usuário da internet terá acesso.

A discussão ferveu mesmo foi nos Estados Unidos, quando o Google e a Verizon, um dos maiores provedores americanos de banda larga, lançaram uma proposta de lei que beneficiava apenas o seu lado, na qual dizia defender os princípios da neutralidade na rede, mas que medidas deveriam ser tomadas para regularizar os dados que trafegam na rede. Com isso, ficaria nas mãos dos provedores de banda larga quais dados, como e a quem eles seriam disponíveis. Por trás de uma proposta cheia de termos técnicos, Google e Verizon mascaram o seu verdadeiro interesse: O monopólio deste mercado, que é considerado o futuro da comunicação.

O mais complicado em torno desta questão é o fato de que o assunto é pouco difundido em grandes meios de comunicação e por isso, a maioria do público usuário da internet fica alienado quanto ao futuro de um direito conquistado desde o início da "Era da Informática". Outro fator que dificulta o acesso a esta discussão é a confusão feita pelos próprios especialistas no assunto. As informações muitas vezes são ambíguas e/ou cheias de termos técnicos, inviabilizando o entendimento por parte do grande público.

A verdade é que não podemos nos abster dessa discussão pelo fato do centro dela estar sendo discutido nos EUA, pois se este projeto for aprovado na "Sede do Mundo" irá influenciar na decisão de outros países, inclusive o Brasil. Aquela velha máxima de que "a corda arrebenta sempre do lado mais fraco" deixa muita gente, inclusive eu, sem esperança sobre a continuidade da neutralidade na rede. Acredito que seja uma questão de tempo para liquidarem de vez com a liberdade dos usuários da rede.

Muitos interessados sobre o assunto, comentam sobre o surgimento de uma rede "pirata", alternativa ao sistema capistalista imposto por empresas como Google e Verizon. Porém, tentem imaginar as nossas vidas sem os serviços do Google Search, sem o acesso ao Youtube, Twitter e outros sites de relacionamento. A vida se tornaria bem mais complicada e bem menos divertida e digo isso pensando em uma simples pesquisa sobre o assunto tratado neste post. Fico me imaginando tendo de ir à uma biblioteca buscar informações sobre neutralidade na rede. Não combina comigo, que acabei me acostumando com os moldes sedentários impostos pelo fácil acesso a informação, oferecidos pela a oitava maravilha do mundo: A Internet.

Para aqueles que acreditam no surgimento de uma rede "pirata", comecem a coletar o maior números de dados possíveis da rede que nós temos hoje, para que amanhã possamos oferecer à população mundial o mesmo direito que temos nos dias atuais, o acesso ilimitado a informação, sem restrições de qualquer tipo. Fica a dica.

(Texto Opinativo)

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